domingo, 7 de novembro de 2010
primeira tentativa de título... (Parte 13)
Chaux, é esse o nome.
A musa disse Chaux.
Lembro-me nitidamente.
Elas riam, se acariciavam e diziam chaux.
Isso poderia ser qualquer coisa. Qualquer coisa.
Meus pés estão sangrando novamente, mas não doem.
Continuo estranhando o meu corpo.
A casa está vazia e vejo a neve caindo pela janela. Tive a impressão de que ontem não nevava, mas já não sei o que significa ontem e hoje. Amanhã talvez... talvez...
A noite parece nunca chegar aqui. É sempre tudo tão luminoso e tão branco. Estou em um tempo fora de um tempo. Num dia fora do tempo.
Em suspensão.
domingo, 17 de janeiro de 2010
ainda sem título, mas ainda esboçando algum (Parte 12)
Parte 12
Volto à mesma imagem.
Sentado, um pacote na mão, a mulher vestida em renda. Busco qual peça falta ou então que peça sou. Onde me encaixo?
Desencaixo.
Me questiono demais agora e esqueço que meu corte não cicatrizou, que meus pés ainda sangram e que meu corpo está mudado. Sinto vontade de comer carne vermelha, daquelas bem mal passadas e que sangram muito.
Ele busca algo para se cobrir.
Encontro um casaco, visto e saio da casa. A neve congela meus pés, não sinto mais a dor do corte, mas a dor do frio... meus pés congelam pouco a pouco e eu não me importo.
Vejo que a velha passa e não me nota. A natureza muda.
Resolvo segui-la.
Me escondo atrás de árvores, arbustos, casas.
Ela carrega um cesto. O mesmo, sempre o mesmo.
Pausa.
O reflexo dos meus lábios em matéria gelo.
Pausa 2.
Respiro e não me vejo.
Pausa 3.
Continuar.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
ainda sem título, mas ainda esboçando algum (Parte 11)
Parte 11
Ele está sentado em um banco de cemitério/praça. Folhas de outono o cercam. Ele veste um casaco vermelho e carrega um saco de papel.
Ele se levanta, olha ao longe e vê uma mulher vestida em renda. Muitas flores a cercam.
Neste exato momento eu abro meus olhos. A casa velha está vazia e eu não lembro mais a continuidade disso tudo. Estou nu e não me reconheço. Meu corpo não se parece como antes. Percebo meu corte que nunca cicatriza... escorre sangue.
Não faz mal.
Nu, ando pela casa. Descalço corto os meus pés nos rastros de cacos de vidro. Procuro na cozinha a velha ou o sr. Corcunda.
Me repito. Uma sensação de que não saio do lado A. Em que parte o disco riscou?
Sinto sede e não tem água, isto sempre acontece.
Meus pés sangram.
Meus pés ardem.
O chão está branco.
Olho pela janela da casa e neva.
Neva doce.
A velha garimpa o campo branco.
Isto está ficando cada vez mais difícil. Não me aproximo do fim... desisto?
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
da evasão - évasion
https://youtu.be/eH_NSoMcNU4
por Thaís de Almeida Prado
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
ainda sem título, mas ainda esboçando algum (Parte 10)
Ao abrir os olhos me vejo em cima de uma cama. A camisola de renda está posta sobre uma cadeira com jeito de que espera sua dona.
Escuto um barulho e um cheiro de café invade minhas narinas.
Tenho vontade de chegar até lá.
Me levanto e percebo que estou sem roupa. Meu corpo está cheio de feridas, como se fossem pequenas queimaduras arredondadas. Meu corte feito no caco de vidro na janela sangra.
Vou em direção ao barulho que parece vir da cozinha com seu cheiro de café.
Vejo uma velha e tento me aproximar dela. Ela me oferece o café, e me dá uma espécie de pão para comer, me faz sentar em uma cadeira meio torta.
A velha é pequena e tem os cabelos um tanto avermelhados. Me sinto seguro com ela aqui.
Um gato preto sobe em cima da mesa, tento brincar com ele e levo um arranhão no braço.
A gata siamesa prenha aparece ao meu lado, pula no meu colo e lambe o meu corte.
Sinto uma vertigem.
A velha sai com um balde de madeira cheio de água que escorre.
Da janela vejo que ela conversa com o senhor corcunda.
Agora eu sei de onde eles vem.
domingo, 3 de janeiro de 2010
Chaux - Nowhere
sábado, 2 de janeiro de 2010
ainda sem título, mas já esboçando algum (Parte 9)
Levanto de onde estou e resolvo fuçar os cômodos da casa.
O chão da casa range. Não me sinto estável, tudo onde piso em algum momento parece que irá desabar. Como eu a desabar.
Olho para o armário entortecido e vejo a gata siamesa prenha em cima dele. Resolvo abrí-lo.
A porta está emperrada e a fechadura completamente enferrujada.
Me esforço para virar a chave na fechadura.
Puxo com força. Ao abrir um pó branco começa a escorrer do armário com muita força. Me sinto soterrado e queimando.
A gata siamesa mia como as gatas no cio... o Miado é estridente. Meu corpo queima e meus ouvidos explodem.
Neste momento não há pausas.
As pausas seriam uma elipse.
O que é uma elipse mesmo? O som me causa arrepios.