quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

ainda sem título, mas já esboçando algum (Parte 7)

Parte 7

Hoje ela passou por aqui. Estava linda e nua. Seu corpo brilhava alguma substância que eu não compreendia. Ela passou e eu resolvi seguir.
Me escondi por entre árvores e arbustos. Me escondi por entre os musgos e contra luz do sol.
Ela segurava seu cesto, colocava-o no chão, e se deitava na terra molhada. Os gatos começaram a lamber seu corpo. Lambiam de cima abaixo. Ela ria de prazer e enfiava as mãos e os pés na terra. Gritava como se gozasse.
Eu queria correr atrás dela e me enfiar em suas coxas. Queria mergulhar minha cabeça por entre aquelas pernas sadias e fazê-la gritar.
Eu queria tanta coisa, mas apenas observava a cena e os gatos a se aproveitarem daquilo que eu sequer tomei a atitude de começar a fazer.

Outra musa aparece vestida em rendas e passa um óleo sobre seu corpo. Em seguida joga uma espécie de pó que brilha. A musa nua grita, e já não sei mais se é de dor ou prazer.

Os gatos saem de perto e a deixam só.
Eu estou só atrás das moitas, mas me sinto vigiado.

Não sei mais se sonho ou se mergulho em uma realidade distinta de toda realidade que já vivi.

Resolvo sair de perto e procurar uma outra maneira de me aproximar delas.

Tenho medo de ser visto porque parece uma cerimônia secreta e violenta.
Ao mesmo tempo me instiga participar, porque daqui de onde estou pior não poderia ficar. Tenho medo do meu destino, mas sinto que tenho que continuar seguindo.




(continua...)

ainda sem título, mas já esboçando algum (Parte 6)

Parte 6

Hoje sonhei com as musas. Acho que foi sonho porque não quando abri os olhos eu estava sozinho.
No meu sonho elas vinham juntas, me jogavam no chão e começavam a tirar minha roupa. Eu não estendia muito bem, mas gostava.
Aí eu via a gata prenha passar por mim e me lamber com sua língua áspera. As musas começavam a jogar algo que parecia pequenas pedras em cima de mim, e eu me queimava.
Elas jogaram um óleo e mais alguma coisa áspera em meu corpo.
Eu gritava.

Uma das musas com o óleo passava a me acariciar.
Meu pau ficava duro. Mas doía. Doía muito.
Eu escutava um zumbido nos ouvidos, um zumbido que não se cessava nunca.
A gata prenha me lambia de novo, e depois uma sensação de soterramento me veio sem imagem alguma. Meu corpo ardia e eu me sentia soterrado. Afogado.
Lembro de fragmentos de uma musa com a boca ensangüentada rindo muito. Ela gargalhava, neuroerótica.

A neuroerosis. 





(continua...)